O mito do Fluido Vitalício na Transmissão Automática
Um dos maiores mitos que circulam entre os proprietários de veículos com transmissão automática é o conceito de "fluido vitalício". A ideia de que o fluido de transmissão nunca precisa ser trocado soa conveniente, mas a realidade é bem diferente. Vamos esclarecer por que é essencial trocar o óleo da transmissão automática, mesmo quando o manual do veículo ou a concessionária não mencionam isso.
O que significa "fluido vitalício"?
O termo "fluido vitalício" geralmente é mal interpretado. Ele se refere à duração do óleo enquanto durar o kit de atrito, as vedações, o filtro da transmissão e os discos de fricção da transmissão. São componentes que costumam durar entre 100 e 150 mil km. A troca do fluido, nesse caso, pode ser feita de maneira preventiva, mas terá de ser feita invariavelmente quando chegar a hora em que a transmissão precisa ser completamente recondicionada. Esse recondicionamento inclui a substituição dos discos de fricção, vedações, filtro e, claro, o próprio fluido, além de uma completa lavagem mecanizada e avaliação de todos os componentes internos, que podem necessitar de substituição. Portanto, "vitalício" não significa que o óleo dure para sempre, mas sim até a próxima reforma da transmissão, quando se inicia uma nova "vida útil" para o sistema.
Por que a troca de óleo é importante?
Ao longo do tempo, a transmissão acumula impurezas e partículas oriundas dos discos de atrito e das embreagens. Muitas transmissões possuem uma grande quantidade de discos de composite – em alguns casos, 30 ou mais. Esses discos funcionam de maneira semelhante às pastilhas de freio, atritando contra os discos de aço e se desgastando ao longo do tempo. Durante esse processo, o material desgastado se mistura ao fluido da transmissão, contribuindo para sua deterioração. Essas partículas oriundas dos discos de composite e que incluem limalhas de metal, podem se espalhar pela transmissão e causar danos ao corpo de válvulas, componentes essenciais para o funcionamento adequado do sistema. Embora a maioria das transmissões possua ímãs potentes para capturar essas partículas, com o tempo, esse mecanismo se torna insuficiente. Além disso, o fluido começa a perder suas propriedades de viscosidade e sua capacidade de estabilização térmica, o que pode comprometer o desempenho da transmissão.
Sinais de que o óleo já deveria ter sido trocado
Quando o veículo começa a apresentar alterações no desempenho, como trocas de marcha erráticas, trancos ou patinação, é sinal de que a troca de óleo já deveria ter sido feita há muito tempo. Nessa fase, o desgaste já está avançado e, na maioria dos casos, a transmissão precisa de uma reforma completa. O óleo da transmissão costuma se deteriorar muito antes de aparecerem sintomas perceptíveis, o que torna a manutenção preventiva crucial para evitar danos graves e dispendiosos.
O perigo de trocar o fluido sem reformar a transmissão
Uma questão importante a ser considerada é a troca de fluido em transmissões que já estão muito desgastadas. Quando o fluido está muito deteriorado, o procedimento é reformar a transmissão antes de realizar a troca. No entanto, algumas pessoas tentam economizar trocando apenas o fluido. Isso pode ser um erro grave. Se o fluido antigo está em deteriorado e é substituído, seja parcialmente por decantação ou na totalidade com a máquina de flushing, a introdução de fluido novo em uma transmissão que deveria ser reformada pode gerar novos problemas.
O novo fluido pode contribuir para o desprendimento de partículas maiores de outras partes da transmissão, especialmente dos radiadores, que possuem uma superfície interna mais sensível. Isso pode resultar em novos entupimentos, travamentos e vazamentos. Além disso, há a questão do "aprendizado" do módulo eletrônico da transmissão, que ajusta seu funcionamento com base em dados estatísticos dos sensores internos ao longo do tempo. Quando o fluido é trocado em uma transmissão desgastada, muitas vezes esses parâmetros não podem ser totalmente recalibrados, levando a um funcionamento errático.
Por essa razão, uma oficina especializada como a Automatik recomenda que, antes de realizar a troca do fluido em transmissões muito desgastadas, seja feita uma reforma completa. Isso evita que o novo fluido cause mais danos à transmissão e garante que o sistema funcione corretamente após a intervenção.
O papel do controle de temperatura
O sistema de arrefecimento da transmissão também desempenha um papel fundamental na durabilidade do fluido e da própria transmissão. Falhas no controle de temperatura, como radiadores ineficientes, podem encurtar drasticamente a vida útil do fluido. O acúmulo de partículas no fluido pode agravar esse problema, funcionando como um condutor térmico indesejado. Isso resulta em aumento de temperatura interna e perda das propriedades de viscosidade e lubrificação, acelerando o desgaste da transmissão.
Condições severas: a importância da manutenção
Sob condições severas de uso, como tráfego intenso ou carga elevada, os problemas surgem mais rapidamente. O corpo de válvulas, por onde o fluido passa de forma restrita, é o primeiro a sofrer as consequências. A degradação do fluido e o acúmulo de partículas podem causar vazamentos, perda de pressão e travamento das válvulas, resultando em falhas que podem levar à quebra da transmissão. Nesses casos, a troca de óleo em intervalos regulares se torna ainda mais essencial.
A questão das concessionárias e dos fabricantes
Outro ponto importante é que muitas concessionárias não recomendam a troca de óleo da transmissão, exceto quando há uma falha grave. Isso ocorre porque a maioria das montadoras, com exceção da Honda, não fabrica suas próprias transmissões; elas adquirem os componentes de fabricantes especializados, como Aisin, ZF, Jatco, Siemens, Allison, BorgWarner, Tremec, Getrag, entre outros. Como as concessionárias não estão preparadas para realizar reparos em transmissões automáticas, elas encaminham esses serviços para oficinas especializadas, como a Automatik, que possui o conhecimento técnico necessário para realizar o recondicionamento adequado.
Um exemplo clássico é a transmissão AL4 da Siemens, utilizada em veículos Citroën, Renault e Peugeot. O fabricante recomenda que a cada 100 mil km seja feita a troca do kit de atrito, vedação, filtro, além do fluido, o que implica em uma reforma completa da transmissão. Embora o fabricante mencione que o fluido é "vitalício", isso se refere à vida útil até a próxima reforma. Ou seja, o termo "vitalício" não significa que o fluido durará para sempre, mas sim que será substituído durante o recondicionamento da transmissão, quando esta volta a ter uma nova vida.
Fluido mineral versus sintético
Outro aspecto a ser considerado é o tipo de fluido utilizado. Transmissões que utilizam fluidos minerais, como Dexron III e IV, têm uma vida útil mais curta, entre 50 e 60 mil km. Por outro lado, os fluidos sintéticos de alta performance podem durar de 100 a 150 mil km. Portanto, é crucial saber qual tipo de fluido a sua transmissão usa e programar a manutenção de acordo.
Conclusão
O mito do "fluido vitalício" pode causar confusão e, em alguns casos, levar a problemas sérios na transmissão automática do veículo. Manter-se informado sobre a necessidade de troca de óleo, o tipo de fluido utilizado e as condições de uso do seu veículo pode evitar custos elevados com reparos e garantir a longevidade da transmissão. Para serviços especializados e de confiança, sempre procure oficinas que tenham o conhecimento técnico necessário, como a Automatik, especializada em transmissões automáticas.
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